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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Rufo um crente admirável


Quem é o Rufo de Romanos 16.13 a quem Paulo recomenda saudações dizendo: “Saudai Rufo, eleito no Senhor, e igualmente a sua mãe, que também tem sido mãe para mim”? Seria esse o mesmo Rufo filho de Simão Cireneu (o que foi forçado a carregar a cruz de Cristo) e irmão de Alexandre, mencionado pelo evangelista Marcos (Mc 15.21)? A tradição cristã corrobora com essa possibilidade e a maioria dos comentaristas bíblicos também não a descarta. Segundo Hendriksen, “a opinião popular, cuja data recua aos primeiros séculos, de que as duas fontes se referem ao mesmo indivíduo, é possível que seja correta. No entanto, não podemos ter certeza”.[1]

Embora não possamos afirmar com exatidão que o Rufo de Marcos 15.21 seja o mesmo de Romanos 16.13, também não há prova contrária de que não possa ser. De acordo com Bruce, Rufo é um “nome de origem itálica, e não tanto latina, encontrado por duas vezes no Novo Testamento (Mc 15.21; Rm 16.13), provavelmente referindo-se ao mesmo indivíduo”.[2] Marcos, que com toda probabilidade escreveu seu Evangelho em Roma para os romanos[3], menciona “Simão Cireneu… pai de Alexandre e Rufo” como se dissesse: “pessoas que vocês, em Roma, conhecem bem”.[4] Paulo, que também escreveu aos romanos, coincidentemente fala de um Rufo que se encontra em Roma.

Considerando que o Rufo de Marcos 15.21 é o mesmo de Romanos 16.13, por que Simão Cireneu não é citado por Paulo? E Alexandre? Não era este tão conhecido pela igreja quanto Rufo? Simão, um judeu do norte da África, possivelmente estava em Jerusalém para a festa da páscoa. Ali conheceu Jesus e toda sua família se tornou cristã. Quando Paulo redigiu sua carta aos romanos, Simão Cireneu devia estar morto, visto que se assim não fosse o apóstolo mencionaria o nome dele quando citou a mãe de Rufo.

Parece que Alexandre era o irmão mais velho de Rufo porque Marcos menciona o nome dele primeiro. Quão mais velho era Alexandre em relação a Rufo é impossível saber. Alguns comentaristas sugerem que Paulo não cita o nome de Alexandre em Romanos 16.13 talvez porque Alexandre já estivesse morto ou não fosse cristão. Prefiro os que dizem que Alexandre era cristão e que, provavelmente, não residia em Roma.

Paulo saúda Rufo com uma das mais belas declarações que um colaborador poderia receber do apóstolo dos gentios: “Saudai Rufo, eleito no Senhor…”. O que significa em Paulo ser alguém eleito no Senhor? Todos sabem que a doutrina da predestinação, ou eleição, é uma das preferidas de Paulo. Somente em sua epístola aos Romanos o apóstolo dedica três capítulos ao assunto (Rm 9-11). Com isso em mente, a Assembleia de Westminster (1643-1649) declarou em sua Confissão de Fé (III,vi): “Assim como Deus destinou os eleitos para a glória, assim também, pelo eterno e mui livre propósito de sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a esse fim; os que, portanto, são eleitos, achando-se caídos em Adão, são remidos por Cristo, são eficazmente chamados para a fé em Cristo, pelo seu Espírito que opera no tempo devido, são justificados, adotados, santificados e guardados pelo seu poder, por meio da fé salvadora. Além dos eleitos não há nenhum outro que seja remido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo”.

Conquanto o conceito doutrinário da eleição seja mercante nos escritos de Paulo, e bem representado na Confissão de Fé de Westminster, ao que tudo indica não é esse o sentido (ou pelo menos não unicamente) do adjetivo “eleito” (ekléktos) em Romanos 16.13. “Eleito” aqui deve ser entendido mais como um título de honra, como o apóstolo faz com Epêneto, Amplíato e Apeles, entre outros, porque, no sentido doutrinário, o que Paulo diz de Rufo pode ser facilmente aplicado a todos os crentes em geral, e aos seus colaboradores de Romanos 16, em especial.

Geoffrey Wilson parece estar correto quando em seu comentário de Romanos 16.13 afirma: “’Eleito no Senhor’ não se refere à eleição para a salvação, pois esta é comum a todos os crentes; significa que ele [Rufo] era um cristão de destaque (cf. Denney: ‘aquele cristão extraordinário)”.[5]

Champlin segue o mesmo raciocínio de Wilson. Diz ele: Eleito “é palavra descritiva de Rufo. Neste caso, o mais provável é que tal vocábulo não deve ser compreendido em qualquer sentido técnico ou teológico, como ‘escolhido por Deus’, embora certamente isso também suceda no seu caso, mas antes, devemos compreendê-lo como uma espécie de sinônimo de ‘eminente’, isto é, distinguido por sua graça, por seu serviço e por sua especial elevação de caráter”.[6] Por conseguinte, a adição de “no Senhor” significaria que Rufo mostrava distinguir-se como crente em Cristo Jesus.[7]

Uma nota carinhosa e singela é a menção de Paulo à mãe de Rufo. A saudação do apóstolo não é dirigida apenas a Rufo, porém, “igualmente a sua mãe, que também tem sido mãe para mim”, diz o apóstolo. Essas palavras sugerem uma profunda afeição de Paulo pela família de Rufo. E esta senhora, com certeza bem idosa e provavelmente viúva na época, é lembrada pelo apóstolo Paulo como uma mãe para ele, por sua importância na vida e ministério dele, tratando-o como um filho seu. “Exatamente onde e quando foi que a mãe de Rufo se fez mãe de Paulo não sabemos. O fato é que aqui, como ocorre com frequência, o apóstolo uma vez mais prova que aprecia o que os membros femininos têm feito e estão fazendo por ele, pessoalmente, e pela igreja, para a glória de Deus”.[8]

Diante do exposto até aqui, a conclusão que chegamos sobre Rufo é que ele era um crente admirável; companheiro leal e um filho excelente. Não é por acaso que o apóstolo Paulo o denominou de “eleito no Senhor”. E você, caro leitor, como acha que Paulo o chamaria se ele vivesse nos dias de hoje?

Deus te abençoe

Ministro Carlos Carvalho


[1] William Hendriksen, Comentário do Novo Testamento: Romanos. São Paulo: Cultura Cristã, 2001, p. 669. Itálico do autor.

[2] F. F. Bruce, Rufo. In: O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo, 2003, p. 1418.

[3] Cf. Guillermo Hendriksen, Comentário del Nuevo Testamento: El Evangelio Según San Marcos. Grand Rapids: SLC, 1987, p. 11-27.

[4] Idem, p. 656.

[5] Geoffrey B. Wilson, Romanos: Um resumo do pensamento reformado. São Paulo: PES, 1981, p. 218.

[6] R. N. Champlin, O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo: Atos/Romanos. Vol. 3. São Paulo: Hagnos, 2002, p. 879. Veja também John Murray, The Epistle to the Romans. Grand Rapids: Wm. B. W. Eerdmans Publishing Co., 1987, p 231. Para um ponto de vista diferente, consulte Hendriksen, op. cit., p. 669.

[7] Ibidem.

[8] Hendriksen, p. 669,70.
Estudos Bíblicos, Exposição Bíblica, Reflexões

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