A vida humana é uma série de escolhas. Essas escolhas determinam nosso futuro. Ao longo de nossas vidas, vivenciamos uma série de escolhas ininterruptas, pois sempre, diariamente, nos colocamos diante de uma nova escolha a ser feita.
Em nossas escolhas nos deparamos diante de dois pontos importantíssimos: agradar a Deus, escolhendo aquilo que Ele tem de melhor para nossas vidas ou, simplesmente, agradar a nós mesmos, nossa carne, nosso desejo e escolher aquilo que achamos ser bom para nossa vida.
Por isso, as escolhas são, sempre, mais importantes. São as escolhas – e nunca a sorte – que determinam nosso destino.
Sempre ouvimos dizer que as nossas escolhas atestam o nosso caráter e também que a direção para onde a nossa mente involuntariamente se move demonstra o tipo de pessoas que somos. O cristão que tem sua mente transformada, sendo “revestida do novo homem”, fará as melhores escolhas. Se formos cristãos carnais, onde o mais importante é agradar ao “eu”, nossas decisões e escolhas sempre irão contra ao que Deus quer para nós.
No entanto, quantos cristãos hoje em dia, em sua ânsia de escolher aquilo que é certo, cometem erros. Quantos cristãos, por não conhecer o que diz a própria Palavra de Deus, fazem escolhas que lhes definham a alma (Salmo 106.15).
Qual é o perigo que encontramos? É simplesmente o de escolher aquilo que aparentemente é bom, aquilo que não se vê nada contra, nada de errado, que por coincidência até se inúmera inúmeros pontos a favor e, portanto, parece ser o certo, no entanto, porém, não é a perfeita, a explícita vontade de Deus para nossas vidas.
Por muitas vezes, no decorrer de nossas vidas, escolhemos o aquilo que é bom e não aquilo que é melhor. Parece uma contradição de termos não é mesmo? Quem em sã consciência escolheria aquilo que é bom no lugar do que é melhor? Quem faria tal loucura? Mas, a realidade é diferente e diariamente, inúmeros cristãos se deparam com esse tipo de escolha: o bom ao invés do melhor.
Entendendo as Nossas Escolhas
Vejamos rapidamente rápidos exemplos desse tipo de escolha, para melhor compreendermos as nossas próprias:
1) A Escolha “Boa” de Ló
“E disse Abrão a Ló: Ora, não haja contenda entre mim e ti, e entre os meus pastores e os teus pastores, porque somos irmãos. Não está toda a terra diante de ti? Eia, pois, aparta-te de mim; e se escolheres a esquerda, irei para a direita; e se a direita escolheres, eu irei para a esquerda. E levantou Ló os seus olhos, e viu toda a campina do Jordão, que era toda bem regada, antes do SENHOR ter destruído Sodoma e Gomorra, e era como o jardim do SENHOR, como a terra do Egito, quando se entra em Zoar. Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu Ló para o oriente, e apartaram-se um do outro” (Gênesis 13.8-11).
Ló era sobrinho de Abraão. Infelizmente Abraão errou ao levar esse sobrinho consigo ao sair de Ur dos caldeus, sua terra, pois a ordem de Deus era sair da sua parentela e não levar sua parentela junto (Gênesis 12.1). Portanto, estavam junto desde essa época. Agora, os rebanhos, as manadas e as tendas multiplicaram, com isso, seus pastores começaram a contender tanto por causa dos pastos que foi necessário fazer uma separação. Contrariando a cultura da época, Abraão permitiu que seu sobrinho escolhesse primeiro para qual lugar partiria em toda aquela terra. Lembre-se que o natural seria que Abraão fizesse a escolha primeiro. A escolha insensata de Ló recaiu sobre a planície de Sodoma. Posteriormente Abraão escolheu Hebrom, passando a ser o lugar de sua residência permanente.
A ganância de Ló fez com que escolhesse Sodoma para viver. Uma cidade próspera, com sistema de irrigação já estabelecido, situada próximos a uma grande campina, rica em vegetação, no entanto, essa escolha, aparentemente boa, levou Ló a ficar exposto à impiedade dessa cidade. Veja o que essa escolha fez com Ló: 1) escolheu aquilo que lhe agravada e não o que agradava a Deus (Gênesis 13.10-11); 2) começou a se aproximar cada vez mais da cidade, mesmo sabendo da sua pecaminosidade e perversidade (Gênesis 13.12-13); 3) se tornou um homem grande em Sodoma, tinha uma posição de autoridade (Gênesis 19.1), no entanto, ao ganhar influência nessa ímpia cidade, perdeu totalmente seu testemunho, ao passo que nem sua própria família aceitava um conselho seu (Gênesis 19.14), tanto que ao se tornar uma pessoa importante, suas filhas aceitaram o padrão moral de Sodoma.
Que triste escolha. Parecia ser tão boa, tão perfeita, mas nada mais que tão completa e longe de Deus. E assim acontece conosco também quando escolhemos o que nos agrada e não o que agrada a Deus.
Abraão e Ló tinham a mesma raça (Gênesis 11.31), estavam sujeitos ao mesmo ambiente, mas com caráter diferentes e escolas diferentes. Nos momentos de crise é que verificamos a escolha de um homem que agrada a Deus. A escolha de Ló recaiu sobre “toda a campina do Jordão”, escolhendo aquilo que lhe trazia as vantagens mais imediatas possíveis. A escolha de Abraão recaiu sobre os “carvalhais de Manre, que estão junto a Hebrom”.
Ló ganhou influência e respeito na cidade de Sodoma, mas perdeu seus familiares e o principal, perdeu o contato e a intimidade com Deus. Abraão “aguardava a cidade que tem fundamentos” (Hebreus 11.10) e confiou em Deus, ficou conhecido como “Amigo de Deus” (Tiago 2.23), e logo na divisão com seu sobrinho, edificou um altar ao Senhor Deus (Gênesis 13.18). Mostrando em Quem ele confiava. Que contraste do cristão espiritual com o cristão carnal!
2) A Escolha “Boa” da Nação de Israel
“Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, E disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações. Porém esta palavra pareceu mal aos olhos de Samuel, quando disseram: Dá-nos um rei, para que nos julgue. E Samuel orou ao SENHOR. E disse o SENHOR a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles. Conforme a todas as obras que fizeram desde o dia em que os tirei do Egito até ao dia de hoje, a mim me deixaram, e a outros deuses serviram, assim também fazem a ti. Agora, pois, ouve à sua voz, porém protesta-lhes solenemente, e declara-lhes qual será o costume do rei que houver de reinar sobre eles” (1Samuel 8.4-9).
O propósito de Deus para esta nação era que nunca tivessem um soberano terreno, pois o próprio Deus era Seu Soberano. No entanto, essa nação se rebelou e pediu um rei, para ser igual a todas as nações. Aqueles que deveriam ser diferentes, povos exclusivos, nação santa (Êxodo 19.5; Deuteronômio 7.6; 14.2), queriam ser iguais aos demais povos pagãos que nada tinham com Deus.
Ao escolher um rei terreno, não estavam rejeitando ao profeta Samuel, mas sim, a Deus. E Deus, na sua infinita misericórdia diz: “Já que desejam um rei terreno, Eu irei conceder o desejo do coração deles, o que eles estão pedindo não é o melhor, estão escolhendo aquilo que parece ser bom, mas, irão perceber, mais tarde, a grande tolice que estão fazendo”.
E aqui, vemos mais uma vez a grande tolice e o grande perigo de escolher o bom ao invés do melhor. A escolha que parecia boa, o motivo parecia bom, a idéia parecia ótima, enfim, inúmeros pontos a favor, mas, infelizmente, não era a vontade explícita de Deus para esta nação. Então Deus: “concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma” (Salmo 106.15). O primeiro rei, Saul, foi leal a Deus até que a impaciência, o orgulho, a arrogância entraram em seu coração e perdeu o reino. O segundo rei, Davi, foi o “homem segundo o coração de Deus”. O terceiro rei, Salomão, foi o mais sábio, mas nem sua sabedoria fez com que praticasse os atos de idolatria e tantas outras coisas abomináveis diante de Deus, mesmo assim, fora um bom rei. Após ele, Roboão, perdeu a oportunidade de Deus de ser um rei conforme o padrão divino e a nação ficou dividida. O reino do norte, sendo Jeroboão seu primeiro rei, praticou idolatria sem tamanho. O reino do Sul, sendo Roboão o primeiro rei, foi mais fiel a Deus, mas mesmo assim, caiu em pecado também. A nação de Israel recebeu seu rei, porém, gradualmente foi se desviando dos propósitos estabelecidos por Deus, até que foi levada ao cativeiro.
Tristes resultados de uma “boa” escolha. E assim é, aquilo que parecia bom, “fez definhar-lhes a alma” (Salmo 106.15).
Uma lição: às vezes, Deus pode conceder os nossos desejos, quando escolhemos uma coisa boa no lugar de escolher o melhor Deus, no entanto, essa mesma concessão de Deus é a maneira dEle fazer com que aprendemos que a escolha correta é dependermos dEle e aceitarmos o melhor de Deus para nossas vidas, mesmo que, no primeiro momento não entendamos isso, mas, no final, saberemos que a escolha correta é aquela que agrada a Deus e não a que agrada a mim mesmo.
3) A Escolha “Boa” de Cada Um de Nós
“Quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das cousas que são melhores e pertencentes à salvação” (Hebreus 6.9).
Um grande desafio que cada um de nós enfrenta é o de compreender o que é o melhor de Deus. Mas, a partir do momento que compreendemos o que é este melhor de Deus para nossas vidas, nos deparamos com a exigência imediata de uma resposta. Compreender o melhor de Deus para nossas vidas, requer uma resposta imediata! Para isso, devemos aprender a submeter nossas escolhas à vontade de Deus.
Se um cristão desejar exercer influência em seus familiares, em sua igreja, em seu ambiente de trabalho, enfim, na sociedade, tem que escolher o melhor de Deus e aprender essa lição. Viver em função de coisas superiores. Viver em função de escolhas melhores. Viver em conformidade com a vontade de Deus.
Quantos pais que se dizem cristãos vivem em função de si mesmos. Suas escolhas refletem diretamente sob seus filhos e cônjuge. Somos exortados pela Bíblia que devemos “buscar em primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6.33). Mas por que os filhos de alguns cristãos não são bons exemplos de conduta? Por que alguns se comportam de uma maneira tão anticristã? Por causa do exemplo que tem em seus pais. É claro que alguns filhos de pais cristãos poderão ser belos exemplos de vidas consagradas a Deus, mesmo que seus pais não o sejam, isso é pela misericórdia e pela graça de Deus.
Lembre-se: você não poderá dar o que não tem! Se ainda não aprendeu a escolher o melhor de Deus, precisa aprender primeiro, para depois passar isso a seu filho, esposa, namorada e familiares. Você deve aprender a conhecer a Deus, amá-Lo e obedecê-Lo primeiro, para poder então levar seus filhos a fazer o mesmo. Qual a sua condição agora?
O amor dá aos filhos o que eles precisam e não o que eles querem! Mostre-lhes como agir corretamente e o que significa ter caráter. Treine-os pelo exemplo. Veja a história a seguir para entender bem esse dever:
Um dia, quando meu filho brincava com seus amiguinhos ouvi uma conversa entre eles. O assunto era: “Meu pai é melhor que o seu”. Um dos meninos disse orgulhosamente:
– “Meu pai conhece o prefeito da nossa cidade”.
O outro, então, virou-se e disse:
– “Grande coisa! O meu conhece o governador do Estado”.
Imaginando o que viria a seguir naquela disputa, ouvi meu próprio filho dizer:
– “Isso não é nada, meu pai conhece a Deus!”.
Sai, então, de fininho do lugar onde estava “espionando”, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Fui direto ao meu quarto, cai de joelhos e orei de forma genuína e grata: “Senhor, que meu filho possa sempre dizer: Meu pai conhece a Deus!”
Seu filho pode dizer que você conhece a Deus? Seu cônjuge pode dizer isso? Sua namorada pode? Seus pais? Seus familiares? Seus amigos?
A Escolha “Melhor”
“Porque, se for da vontade de Deus, é melhor que sofrais por praticar o que é bom, do que praticando o mal” (1Pedro 3.17).
A quem podemos comparar em escolher sempre o melhor de Deus? É claro que nosso maior exemplo e o nosso melhor exemplo em todos os aspectos se tratam de nosso Senhor Jesus Cristo.
Jesus Cristo, sempre, em todos os aspectos de sua vida, escolheu o melhor de Deus, sempre escolheu o padrão mais alto, o mais excelente. Como disse um pregador de Deus: “Ao lermos o registro de sua vida, nos dias da sua carne, vemo-lo como aquele que sempre, coerentemente, escolhia o melhor de Deus”.
Vejamos o que a própria Bíblia declara sobre isso:
□ “E, qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, seja vosso servo; bem como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mateus 20.27-28).
□ “Jesus disse-lhes: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” (João 4.34).
□ “Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (João 6.38).
Muitos dizem que os cristãos depois de já passaram anos, os chamados “cristãos velhos” por alguns, começam a dar muitos problemas. Jesus Cristo, no final de Sua vida terrena, ainda permanecia firme, forte, com a mesma convicção de realizar a vontade de Deus, este mesmo princípio que foi o propósito que governou sua vida: “E disse: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja, porém, o que eu quero, mas o que tu queres” (Marcos 14.36).
Conclusão
Buscar o melhor de Deus é ir além. Mas ir além custa, no entanto, é ir além que faz toda a diferença. Fazendo isso, daí sim, poderemos oferecer nossos corpos “em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12.1).
Quero concluir com um desafio muito grande que recebi. Não sei quem é o autor desse texto, quero, no entanto, fazer uma paráfrase daquilo que recebi, acrescentar algo e realizar uma aplicação final:
Que Deus abençoe a todos!
Ministro Carlos Carvalho
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