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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Deus: Médico ou Monstro ?




Algumas das palavras mais duras endereçadas por Deus a Israel encontram-se nas duas passagens que lemos em Deuteronômio: "Pois o Senhor, o seu Deus, é Deus zeloso; é fogo consumidor" (Dt 8:20). No entanto, as mesmas passagens trazem palavras de inconfundível generosidade e compaixão: "Pois o Senhor, o seu Deus, é Deus misericordioso; ele não os abandonará, nem os destruirá, nem se esquecerá da aliança que com juramento fez com seus antepassados" (Dt 4:31).

Em determinado momento, o Senhor alerta o povo do destino que o aguarda caso se desvie dele. No minuto seguinte, já os recebe de volta, assegurando-o do seu amor. Para os israelitas, essa alternância de discurso deve parecer confusa. Afinal, quem é de fato o Deus a quem servem? Qual sua verdadeira natureza

Observando o Senhor com atenção durante a leitura do Antigo Testamento, também conosco pode acontecer de nos perguntarmos quem será esse Deus. Nós o conhecemos como aquele que nos perdoa e nos acolhe em sua família amorosa, como um Deus terno e misericordioso. No Antigo Testamento, contudo, vislumbramos um poder severo, inflexível, que fala a seu povo sem meios-termos sobre ação e consequência. Ele é exigente e direto. Mesmo assim, instantes mais tarde, revela uma abundante disposição para perdoar ainda outra vez. Será que adoramos o dr. Jekyll e o sr. Hyde, alguém que é médico e monstro ao mesmo tempo? Será que nem mesmo Deus sabe lidar com filhos nem um pouco dignos de confiança? E hoje, devemos esperar igual tratamento da parte dele?

É fundamental que nós, como crentes, tenhamos uma compreensão correta da natureza divina. Então, conseguiremos enxergar o quadro como um todo em que se inserem Deus e suas interações com a humanidade. Então, nos desfaremos da dúvida que clama por uma explicação em todo o Antigo Testamento.

Deus, em sua santidade, pode ser comparado à água - pura e revitalizante. Jesus usou esta ilustração ao descrever seu dom de vida eterna como "água viva". Os seres humanos, porém, estão maculados pelo pecado, que é como o óleo, uma substância incompatível com a água. Tente limpar óleo de um fogão com um pano molhado e só conseguirá espalhá-lo ainda mais. Quando o óleo vaza no oceano, ele tende a se ajuntar e permanecer flutuando na superfície. Óleo e água não se misturam, por mais que se tente.

Este é o retrato de Deus e do homem pecador. O caráter divino é incompatível com o pecado.Independentemente de como Ele se sinta com relação às pessoas que pecam, sua natureza o mantém irremediavelmente separado delas. Por maior que seja sua compaixão e misericórdia, ele não tem como comprometer a própria natureza. O amor de Deus flui com liberalidade, mas quando seu povo é infiel e desobediente, ele tem de rejeitá-lo.

Estenda a metáfora para compreender Jesus. Ele é como sabão. Água e óleo jamais se misturam, mas o sabão é uma substância que permite à água interagir com o óleo de maneira eficaz. Ele limpa e dissolve o óleo. Só pela morte de Jesus por todos os pecadores Deus foi capaz de se desfazer do pecado e aproximar de si as pessoas.

A santidade do Senhor não muda, nem sua incompatibilidade com o pecado. Mas Ele pode amar e perdoar sem reservas aqueles que se achegam a Ele por intermédio do dom da salvação propiciado por Cristo. Pode caminhar junto deles em um relacionamento estreito, sem ameaças de punição, apesar de continuarmos pecando. Deus ainda quer a santidade para seu povo. Ele ainda requer lealdade e respeito. Entretanto, oferece seu Espírito para possibilitar a satisfação das exigências, bem como sua graça para encobrir nossos fracassos. Por intermédio de Jesus, Deus continua fiel a si mesmo e ao amor que sempre nutriu por seu povo.


Que Deus abençoe a todos!


Ministro Carlos Carvalho



Autor: Brenda Quinn

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