“... pois eu sou o Senhor, que te sara.” (Ex. 15:26)
É comum se pensar no pecado como a causa de todos os males que atingem a humanidade, inclusive das enfermidades físicas. De fato, alguns chegam a afirmar que as doenças são um tipo de morte, sentença contra o pecado, enquanto que outros associam as doenças ao condicionamento físico do homem. Sem uma revelação de Deus, não é possível adotar qualquer posição conclusiva a respeito, que seja digna de total confiança e aprovação. Uma perspectiva bíblica ampla e sem preconceitos se faz necessária, a fim de que possamos chegar à compreensão do verdadeiro ensino do conceito e aplicação da cura divina.
A Cura Divina e a Medicina
No passado, a atitude negativa da igreja para com a medicina tinha razão de ser, pois esta esteve em parte da história ligada a superstições e feitiçarias. Recorria-se aos astros para escolher as plantas medicinais, e ao mundo dos espíritos para saber a melhor forma de tratamento. A medicina do século XX descobriu verdades sobre o corpo e já não relaciona mais seus métodos a práticas tão primitivas. Porém, apesar dos avanços tecnológicos, ainda existem enfermidades que desafiam a todos os recursos terapêuticos conhecidos.
O que leva as pessoas a recorrerem a Deus apenas nos casos de doenças incuráveis. Talvez seja este o motivo de se acreditar que Deus só age na impossibilidade humana. Isto favorece a idéia de que a cura divina nada tem a ver com os processos curativos naturais ou científicos. A Bíblia fala de um episódio da vida do rei Asa, que pecou por confiar mais nos médicos do que em Deus. O destaque dessa passagem é para o ato de que o crente precisa de Deus em qualquer situação de enfermidade, e deve orar primeiro, orar sempre (2 Cr 16:12, 13).
Mas se a cura divina só ocorre segundo alguns teólogos, por intervenção direta de Deus e de modo sobrenatural, então a quem devemos atribuir as curas naturais, ou realizadas pela medicina?
O homem pode curar sem que Deus intervenha mesmo indiretamente? Devemos desprezar os médicos e a medicina? A Bíblia relata situações em que Deus utilizou métodos, no mínimo sugestivos, para operar a cura divina. Aliás, métodos bem parecidos com os dos médicos antigos. O Rei Ezequias, curado após a aplicação de uma pasta de figos, sobre a sua úlcera mortal (2Rs 20:5-7); e também como Naamã banhou-se sete vezes nas águas do rio Jordão; e ainda, o cego que Jesus curou untando-lhe os olhos com lodo (2Rs 5:14; Jo 9:11). Ezequias bem poderia ter usado uma pomada, em vez de pasta de figos, e Naamã poderia ter se banhado com um composto químico, e o cego poderia ter usado colírio, ou quem sabe, uma cirurgia. Não há dúvidas de que se operou em todos os casos, a cura divina. Não devemos questionar a metodologia divina, pois Deus é soberano e nada lhe escapa ao controle (Is 55:8, 9).
As doenças e o Pecado
Sem dúvida, o pecado foi um grande erro, e, sem ele, não haveria a necessidade de redenção. E, quando se fala de redenção, deve-se entender que, em seus termos ele inclui o homem integralmente. Quem não crê em Cristo para a libertação dos pecados, bem como dos males físicos, está atribuindo imperfeição à sua obra.
Isaías é claro ao afirmar que “ele (Jesus) tomou sobre si as nossas enfermidades” ao mesmo tempo em que “levou sobre si o pecado de muitos” (Is 53:4, 12). A relação entre a cura divina e a redenção é óbvia (1 Co 15:3; Mt. 9:5,6). Mas, assim como o pecado não foi retirado definitivamente, as enfermidades também não.
Jesus, em seu sacrifício vicário, tratou dos defeitos do pecado, possibilitando ao homem apropriar-se de todas as bênçãos oriundas da redenção, inclusive da cura do corpo, sem que implique em nunca ficar doente, ou que deve manifestar em sua vida terrena, total santidade.
O que significa dizer que o acesso ao trono da graça foi aberto através do sangue de Cristo, que o preço foi pago. O cristão não está vivendo no Paraíso, e em seu presente estado está sujeito ainda à fraqueza, vaidade e corrupção. Mas possui a vida de Cristo, que se manifesta para o bem do corpo, da alma e do espírito (2 Co 4:10, 11), e deve recorrer ao auxílio do Espírito Santo para orar de acordo com a vontade e o propósito de Deus.
A Cura Divina na Igreja
A principal passagem bíblica que trata da prática da cura divina na igreja se encontra em (Tg 5:13-18). O apóstolo enfatiza a revelação entre a cura e a oração, e entre o físico e o espiritual, motivo pelo qual manda que o crente confesse também os seus pecados. Ele não assume uma incerteza quanto ao restabelecimento da saúde, mas afirma categoricamente que ela sucederá como resultado da unção com óleo e da oração da fé.
A igreja não pode deixar de pregar a verdade de que Cristo tem poder para curar, sem ter medos dos resultados. Quando Cristo andou na terra curando, o único empecilho foi a incredulidade (Mt. 12:15; 13:58). A doutrina da cura divina também inclui conceitos de cuidados gerais com o coro, como alimentação adequada (Lv 11), higiene pessoal (Lv 15), e isto, tanto do ponto de vista espiritual quanto físico. O cuidado de Paulo com o seu filho na fé, Timóteo, ilustra bem essa realidade (1 Tm 4:16; 5:23).
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O crente tem a responsabilidade de consagrar seu corpo totalmente ao Senhor. Afinal, porque curar uma pessoa que tem problemas de saúde por alimentar-se incorretamente? Primeiro ela deve ser orientada a conhecer as regras de uma dieta mais saudável e observá-las. Os comentaristas bíblicos concordam em que a cura divina tem sua operação mais acentuada entre os membros do corpo de Cristo, sendo inclusive chamada de “o pão dos filhos” (Mt 15:21-28).
Observe que em Tg 5:13-18, existe uma convocação para a igreja. Contudo, não se pode negar que há um aspecto de cura que ocorre também em reuniões evangelísticas. Este parece ter o propósito de preparar o terreno pra a propagação da mensagem do Evangelho, marcando a chegada do Reino de Deus.
Os Dons de Curar
Enquanto que a cura divina se processa por intervenção indireta de Deus, nos dons de curar Deus atua diretamente, curando sem necessidade de outros recursos. Os Dons de Curar aparecem no plural, indicando tratar-se de mais de uma manifestação. Cada caso de cura implica na concessão de um dom, pois não há curas que sejam idênticas, ou métodos de tratamento que sejam iguais. Cada caso parece ser tratado separadamente. Uma importante lição sobre o uso dos dons de curar é que o surgimento da pessoa que cura não é significativo.
Qualquer membro do corpo de Cristo tem acesso aos dons de curar, desde que o Espírito Santo o queira. As instruções bíblicas sobre imposição de mãos, oração da fé e a unção com óleo comprovam que a cura se efetua pelo ministério dado por Deus aos homens, que atuam como veículos das bênçãos de Deus. Contudo, os dons não são propriedades dos homens. Não se deve incentivar o paciente a se preocupar mais com a cura do que com Cristo. Quando o interesse pela cura recebe ênfase demasiada, a tendência é a de se ignorar os fatores morais envolvidos na enfermidade.
Também não se deve associar doença com algum pecado ou falta de fé. A cura está sujeita à vontade de Deus, bem como a manifestação dos Dons de curar. É preciso ter cuidado de não limitar o poder de Deus para operar conforme queira.
Que Deus te abençoe rica e abundantemente.
Ministro Carlos Carvalho
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