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sábado, 11 de janeiro de 2014

Eliabe, o homem que Deus rejeitou


“Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o SENHOR o seu ungido. “Porém oSENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração”(1Sm 16.6,7).

Tudo aconteceu por volta do ano 1000 a.C. A nação de Israel estava um caos. Crises de todos os tipos e tamanhos assolavam as tribos de Jacó. Saul, o primeiro rei de Israel, perdera completamente o rumo e a direção do seu governo. A constante desobediência do monarca para com o Senhor o fez perder definitivamente o domínio da nação. Deus rejeita Saul e escolhe um novo sucessor. Quando Samuel, o grande juiz e profeta de Israel, partiu para Belém a fim de ungir um dos filhos de Jessé, Deus não havia revelado ao seu profeta qual filho de Jessé ele deveria ungir.

Samuel tinha verdadeira intimidade com o Senhor, por isso, assim que viu Eliabe achou que naquele momento o seu coração também fosse um só com Deus. Mas estava enganado. A Bíblia relata: “Sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse consigo: Certamente, está perante o SENHOR o seu ungido” (1Sm 16.6). O que levou Samuel a pensar assim? Eliabe era um jovem de boa aparência e estatura, o que por certo lembrava Saul (1Sm 9.1,2; 10.23,24). 

Um sucessor que lembrasse algo de bom do seu antecessor aparentemente faria uma transição de governo menos traumática. Mal sabia Samuel que Deus queria apagar de diante de si qualquer referência a Saul.
Outra questão que Samuel deve ter considerado favorável a Eliabe, como um possível candidato ao trono, era o fato de ele ser o primogênito de Jessé. Nos tempos bíblicos era comum conceder ao filho mais velho honra dobrada. Na ausência do pai o primeiro filho estava investido de autoridade sobre seus irmãos. 

Sua posição só era inferior a de seu pai. O privilégio da primogenitura era grandemente apreciado. Contudo, o filho mais velho podia ficar sem os direitos de primogenitura em caso de algo muito grave cometido por ele (cf. Gn 49.3,4; 1Cr 5.1,2). Tudo indica que aos olhos de Deus Eliabe já não era mais o primogênito, no verdadeiro sentido do termo. Algumas das razões pelas quais Samuel pensou que Eliabe fosse o ungido do Senhor foram ditas pelo próprio Deus: “Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o SENHOR não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração” (1Sm 16.7; cf. 1Cr 28.9).
Será que Samuel acreditava que o porte físico era realmente o critério de Deus para a escolha de um rei? Será que o profeta do Senhor se deixou levar simplesmente pela aparência e estatura de Eliabe? Lembremos que Israel passava por uma crise tremenda. Religiosa e politicamente a nação não estava bem. 

Era preciso reverter esse quadro tenebroso o quanto antes. O povo não aguentava mais. Samuel não aguentava mais. No entanto, os pensamentos de Deus não são os nossos pensamentos e os nossos caminhos não são os caminhos de Deus (cf. Is 55.8). Acredita-se que desde o momento da unção de Davi até sua subida ao trono houve um período de aproximadamente quinze anos. Quer dizer, Deus levaria cerca de quinze anos para restaurar Israel! E por quê? Porque Deus não está em crise. Ele está acima das crises. Ele sabe o que faz e como faz. Por isso ele age no tempo certo. Não chega antes e nem depois. Deus age na hora certa.

Portanto, não foram simplesmente a aparência e estatura de Eliabe, ou mesmo o conceito de primogenitura, que levaram Samuel a pensar que o filho mais velho de Jessé fosse o sucessor de Saul, e sim, o fato de Eliabe ser um homem feito. Na concepção de Samuel, Eliabe estava pronto para subir ao trono naquele mesmo dia e no dia seguinte pôr a casa em ordem. No entanto, os planos de Deus eram outros, como Samuel logo haveria de compreender (1Sm 16.10-13).

Ficaremos sem saber ao certo por que Deus rejeitou Eliabe. Seria essa rejeição a mesma nos moldes daquela destacada por Paulo em Romanos 9 quando se referindo a Esaú e Jacó ele diz: “Como está escrito: Amei a Jacó, porém me aborreci de Esaú” (Rm 9.13)? Com certeza não, visto que em Romanos Paulo está tratando da “eleição da graça” (cf. Rm 11.5) ou, como ele mesmo explica, “E se é pela graça, já não é pelas obras; do contrário, a graça já não é graça” (Rm 11.6).

Se no caso de Esaú sua rejeição por parte de Deus foi sem obras, em 1Samuel 16.7 a rejeição de Eliabe foi por obras. Eliabe fez alguma coisa que o desqualificou para sempre diante de Deus como o provável sucessor de Saul. Seria Eliabe um mau caráter? Teria Deus rejeitado Eliabe por alguma coisa de errado que este pensara ou fizera contra Davi? Não sabemos ao certo, apesar do único diálogo de Eliabe com Davi registrado na Bíblia não ser de bom tom.
Quando Jessé enviou Davi a seus irmãos com mantimento, porque estavam num acampamento militar, e Davi começou a se interessar com o que ali estava se passando, “Ouvindo-o Eliabe, seu irmão mais velho, falar àqueles homens, acendeu-se-lhe a ira contra Davi, e disse: Por que desceste aqui? E a quem deixaste aquelas poucas ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção, e a tua maldade: desceste apenas para ver a peleja. Respondeu Davi: Que fiz eu agora? Fiz somente uma pergunta” (1Sm 17.28,29). A réplica de Davi: “Que fiz eu agora?”, sugere que o irmão mais velho o perturbava há algum tempo.

O que sabemos com certeza é que Deus não queria Eliabe como rei do seu povo. Deus vê o coração. Eliabe não era um homem segundo o coração de Deus, como seria Davi (cf. At 13.22). O coração de Eliabe não era tão bom quanto a sua aparência física. Ele não era um candidato apropriado. Sua aparência era tão enganosa como foi a de Saul.
A lição a ser aprendida nesta história é: As aparências enganam, mas Deus conhece os corações. Mais do que conhecer a Deus é ser conhecido por Deus.
É preciso nos ajustarmos à maneira divina de avaliar as pessoas.


Que Deus te abençoe!!!

Ministro Carlos Carvalho

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